segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Temos Presidente

Num clima de grande perturbação político económica, tivemos as nossa calendarizada eleição para a Presidência da República Portuguesa.
Os candidatos, primeiro parecia que estavam difíceis de aparecer, mas finalmente parece que foram surgindo, se foram posicionando. Com grandes debates entre a direita parlamentar, e não só, se haveriam ou não de apoiar o candidato Cavaco Silva, se deveriam "lançar" outro candidato, com o PS e BE a apresentar um candidato não consensual, por já ser apoiado por um partido da "esquerda radical", com o PCP/Verdes a apresentar o seu candidato próprio, com outros candidatos a apresentarem-se como candidaturas "independentes" e o candidato da Madeira.
Como era de esperar, e como sempre, os partidos mais à direita conseguiram o seu consenso e apoiaram em bloco um candidato único e os partidos mais à esquerda, se assim se pode dizer, também como habitualmente não reuniram consensos e apoiaram candidaturas diferentes.
A partida já estava dada, começada na pré-campanha e continuada na campanha, a falta de projectos credíveis para a população foram notórios, o desinteresse generalizado foi notório, a falta de credibilidade política dos candidatos, foi notória.
Durante a campanha discutiu-se pouco do que seria o real papel dos vários candidatos na actual situação política após a sua eleição. Discutiram-se muito mais as tricas da vida de cada um. Que pelo que percebemos, não são nenhum poço de virtudes.
Claro que não há candidatos imaculados, e mal seria, até porque são todos seres humanos, mas não há dúvida que os candidatos, devem cumprir com os seus deveres de cidadãos, como todos nós, especialmente se há situações que só são passíveis de acontecer devido aos cargos que ocupam. Porque não tenho eu cidadão comum as mesmas oportunidades que são dadas a pessoas que ocupam lugares de relevo na política portuguesa, que são eleitos por nós e que devem responder politicamente perante nós.
É então que podemos falar da qualidade da democracia.
Não é então suposto que os nossos concidadãos eleitos, em quem nós confiamos o nosso voto e que são nossos representantes, se preocupem em criar legislação (que seja cumprida) que vede o acesso dos próprios (eleitos) a oportunidades que não são dados aos seus concidadãos eleitores (e não estou a falar como é obvio das condições excepcionais que são inerentes ao exercício das suas funções)?
Não é suposto que se interroguem sobre a grande quantidade de pessoas que se abstiveram de votar?
Será que não se preocupam e/ou não querem ver, que o cidadão comum se sente cada vez menos participativo em termos políticos e que há que desenvolver mecanismos não só de co-responsabilização, mas de efectiva participação política dos cidadãos. Em que estes sintam que o que estão a decidir é o que realmente querem para o futuro das suas vidas e dos seus filhos.
Será que não tem de haver uma política real de aproximação ao cidadão?
Será que não têm de começar por diminuir (e rapidamente) as assimetrias sociais?
Não nivelando por baixo, mas sim fazendo com que quem tem muito contribua com um pouco mais do seu estrondoso lucro para a equidade social.
Não, parece que os nossos políticos não estão preocupados com isso.
O que lhes interessa, a eles e a muitos dos comentadores políticos, é que há vencedor e vencidos.
Não interessa que um dos candidatos possa dizer, sem que não haja para ele nenhuma consequência, que  uma segunda volta poderia custar muito em termos económicos ao país (só faltava anunciar que não se realizava a primeira volta, porque isso custava também muito dinheiro ao país e que portanto o ideal seria ele lá ficar, já que já lá estava, até porque as sondagens já o previam, apesar de serem mais generosas do que a realidade nos mostrou depois e daqui a 5 anos logo se veria).
Não interessa que tenha havido uma abstenção superior a 50%.
Não interessa que os votos brancos, que foram a vontade expressa dos eleitores que o fizeram, não tenha expressão em termos eleitorais (afinal para que é que eles servem, para fingir que são votos?)
Não interessa que se esses mesmos votos fossem contabilizados, este presidente não tivesse sido eleito à primeira volta.
Não interessa, que este presidente, tenha na realidade, sido eleito por menos de 25 % dos potenciais cidadãos eleitores.
Qual é o presidente que pode dizer que representa na realidade os portugueses se menos de 25% votaram nele?
Será que temos realmente uma sociedade democrática? Ou esta é a democracia que interessa?
Mas estamos felizes, ao que parece.
Temos Presidente.

1 comentário:

  1. Como mudar a classe politica portuguesa?
    Os eleitos que temos nao sao mais que eleitores que temos.
    As pessoas nao mudam, as pessoas educam-se. Os jovens sao o futuro.
    A Time diz que a gerao rasca afinal nao e tao rasca e esta revelar-se muito revolucionaria. O que Portugal precisa e de uma pequena revolucao liderada pelos jovens com capacidade de mover mundos, que venham ao de cima sem segundas intencoes como os seus pais e que facam o bem pelo bem!

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